sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Hábito consciente e com punição

O combate ao cigarro aumenta. Eu tenho uma guerra particular contra o dito cujo, mas ele vem incomodando. É certo que existem várias formas de parar com o vício da nicotina, porém... a porém!

Pra quase tudo existe os fantasminhas que ficam perto do nosso ombro e falam no nosso ouvido. Eles tem voz ativa e as vezes nos convencem. Acho que tem vários tipos desses por aí, eles devem brigar entre eles pra escolher qual humano vão azucrinar.

...

Bato a porta de casa, puxo a chave e tranco a porta. As vezes dou duas voltas na tranca, as vezes uma... será que faz diferença? O fato é que vem uma voz e diz: “faz”, já outra que diz: “não dá nada, se for pra acontecer... já era”. Dessa vez dei duas voltas, já que rola muito assalto por aí e se for pra acontecer, melhor dificultar, se é que dificulta alguma coisa.

Uma leve garoa deixa as ruas parecerem esfumaçadas. Estou embaixo de uma marquise, duas quadras da banca de jornal. Tiro o maço de cigarros do bolso, procuro o isqueiro em meio as chaves no bolso – ele sempre dá trabalho pra pegar. Acendo o veneno e lá vai mais uma tragada.

Dessa vez, de forma mais que inesperada, surge em meio a fumaça e a garoa uma espécie de visão, com uma camiseta com aquele símbolo do proibido fumar. Ela me diz: “o que você pensa que está fazendo, falo pra você parar de fumar todo dia e nada?”. Como mágica ou sei lá o que... o cigarro sai da minha mão e aquele fantasma pega-o.

Estou paralisado com aquilo. Minha consciência ganhou vida própria? Ela fuma todo cigarro numa tragada. “Estou ajudando você a fumar menos!” – “Cara... some da minha frente sua coisa dos infernos” – “Você pensa que vai se livrar de mim?” – “Olha cara... já não basta as propagandas?”. Quando iria continuar meu raciocínio a visão desapareceu.

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Parece que a loucura está cada dia mais presente. Ver essas coisas, isso não pode ser normal. Olho pros lados, ninguém me observa em meio aquela nebulosidade. Acho que são essas notícias que não se pode mais fumar em determinados lugares... devem afetar meu subconsciente.

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Caminho em direção a banca. Já é hábito tirar um cigarro, então me dou conta que estou com um cigarro aceso e mais um vez aquela visão vem me atormentar. “Fumando de novo? Acho que vou tomar medidas mais drásticas com você!” – “Qual é cara... nem percebi que estava com o cigarro aceso” (tentei dialogar com ele? O problema sou eu mesmo) – “Essa desculpa não cola comigo”. Não digo nada, apenas olho aquela mistura de fumaça e fantasminha camarada.

Dessa vez ele pegou todo cigarro que eu tinha. Tudo virou fumaça. “Agora lembre-se que estarei por perto pra não deixar você fazer merda”. Nem disse nada, fui em direção a banca de jornal. “Vou fazer um teste com esse cara”.

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Cheguei à banca e pedi um cigarro solto. Paguei os trinta centavos e saí. Logo acendi, no mesmo caminho em que fui, voltava. Lá apareceu aquela coisa. “Você não tem jeito mesmo ein?”. Meu cigarro virou fumaça. “Viu... você quer mesmo meu bem?” – “Estou aqui pra te ajudar” – “Então por que você não pegou um jornal pra mim?” – “Como assim?” – “Você aparece pra eu não fumar, por que não aparece quando eu entro numa banca e não compro nada pra ler?”.

Volto à banca, compro minha leitura. Não há consciência, nem deputados, muito menos aviso contra os danos que são causados pela falta de leitura.