terça-feira, 26 de outubro de 2010

Ciber Cupins

Capítulo I: Operários e Soldados Translouquecidos

Já era hora de receber o chamado, entrar nas vias rápidas que transpõe as barreiras impostas pela burocracia e recomeçar a corrosão. Todos interligados por uma rede. Nos comunicamos de forma rápida e instantânea. Não há tempo pra refresco.

Recomeço porque este projeto jamais foi esquecido. Uma pausa não significa esquecer ou deixar de acreditar. É como se diz quando se quer dar o velho migué no relacionamento: “isso não é um ponto (final), mas sim uma vírgula!”. Tem gente que diz isso! Normalmente por telefone...

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O que somos?

Somos células universais. Trabalhamos como kamikazes e sabemos que o futuro... (incerto). Podemos dizer que desconstruímos e causamos prejuízos importantes. Somos como cupins – insetos assustadores e admiráveis. Nosso exército é incompreendido e marginalizado. Mas não há preocupação. Assim como os insetos, podemos ser ecologicamente integrados, bons recicladores e até servir de alimento (corrosivo, que pode levar a morte).

Esse papo de genética, modernidade, super bactérias, tudo isso somos nós. Não fazemos igual, ou melhor, ao que já foi feito, fazemos pior! Nossos projetos são ‘multifocados’, não existe uma direção. Podemos ter um nicho num determinado lugar – neste nos proliferamos, construímos gerações de seres corrosivos e aumentamos nossa população, sempre em busca de alimento. Também somos subterrâneos, fazemos nossos ‘casulos’ na escuridão, criamos túneis enormes e nos deslocamos como operários ‘translouquecidos’ por vias intermináveis.

Seu mercado e seus segredos viram poeira na nossa mão. Possuímos mandíbulas super desenvolvidas, modernas. São armas inacessíveis. Somos experiências bem sucedidas, ágeis. Sobrevivemos às adversidades e não morremos com qualquer brinquedinho.

Se hoje estamos sociabilizados é porque possuímos sistemas próprios. Quando um cai, já sabemos como multiplicar e dividir. Coisa pouco comum hoje! Nossa inteligência é descentralizada. Nossas infestações cada vez virão com mais força...

Trabalhamos na espreita. Temos a capacidade de gerar milhões de descendentes em colônias. Somos todos operários e soldados.

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Hoje possuímos técnicas cibernéticas. Elas deixam os figurões mundiais doidos. Eles estão com vigilância mais que contínua pra proteger os computadores do poder.
Este mês tivemos alguns êxitos e muito marketing gratuito. Operamos pelo mundo, levamos a bandeira preta e trabalhamos em grande escala.

A Reuters, por exemplo, chegou a fazer uma matéria com o diretor da Government Communications Headquarters (GCHQ) – o senhor Iain Lobban.

O raro discurso de Lobban nos dá mais ou menos a média de tentativas que organizamos nestes últimos dias. Pra vocês terem uma ideia, o diretor afirmou que o sistema do governo britânico é alvo de mil tentativas mensais de infiltrações. Isso é o que ele sabe!

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A matéria da Reuters ainda diz:

"O ciberespaço é disputado a cada hora, a cada dia, a cada minuto, a cada segundo", disse o sábio Lobban. A Internet reduziu "as barreiras de acesso ao jogo da espionagem" e, segundo o diretor, sua expansão eleva o risco de perturbações à infraestrutura, por exemplo, usinas de energia e serviços financeiros.

"A ameaça é real e digna de atenção", diz Lobban, que através GCHQ realiza operação de escuta semelhante à da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos. Eles ‘cuidam’ de atividades como decifração de códigos e coleta de informações.

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Os líderes de todos os serviços de espionagem do mundo estão em alerta. Já conhecem os Ciber Cupins. Também tentam nos invadir, mas não são obstáculos. É como diz um dos nossos amigos ‘cunspiradores’: “ele é bom, mas precisa lapidar”.

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A guerra cibernética começou faz algum tempo.

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Essa questão ganhou notoriedade quando, no mês passado, alguns especialistas em segurança sugeriram que o worm Stuxnet, que ataca sistemas industriais, pode ter sido criado por um Estado a fim de atacar instalações nucleares no Irã.

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O que é um Stuxnet?

É um worm que tem como alvo os sistemas de controle industriais. Esses são usados pra monitorar e controlar plantas industriais de larga escala. Como: usinas de energia elétrica, represas, sistemas de processamento de resíduos e outras operações industriais.

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"É verdade que vimos o uso de técnicas de guerra cibernética por um país contra outro, a fim de criar pressão diplomática ou econômica", disse Lobban. A matéria vinda de Londres revela um relatório parlamentar recente. O GCHQ indicou países como Rússia e China como maiores ameaças de ataques eletrônicos contra o Reino Unido – estão perdidos, é como no Brasil, escolhem os alvos e criam inimigos.

Enquanto os Estados Unidos trabalham num Cibercomando em suas forças armadas pra proteger redes e montar ataques cibernéticos, nós Ciber Cupins estamos fora dos acordos sobre normas e comportamentos no ciberespaço.

Em nosso território não há regras pra inglês ou norte americano ver, mas sim pra não ver. Estamos nas suas veias, em todo seu território. Somos rápidos e famintos.

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Isópteros: insetos de quatro asas membranosas iguais e um poderoso aparelho bucal. Voamos por vias inimagináveis... e corroemos com precisão.

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Num período em que as coisas estão resumidas, tem gente que acredita no resumão diário. Querem transformar uma bolinha de papel em ataque terrorista e fazer terrorismo com uma inexistente bolinha de fita crepe. Também há balões de água lançados de forma bombástica e aterrorizantes. Tudo isso é gozação?

Bolinha de papel, balões de água! Isso só não é amadorismo pro resumão diário. Assim como as quebras de sigilos em Minas Gerais! Coisa de amador.

Enquanto a Reuters pauta uma grande conspiração e uma guerra não declarada. A CNN investiga o vazamento de informações do Pentágono. Por aqui temos bolinha de papel, balões de água e suposições... sabemos que existe muito mais. Não temos fronteiras e não nos faltam alvos.