quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Capítulo Final

Como Jack disse uma vez: "Bom... agora vamos aprontar 'coisinhas'!".

Quatro horas da manhã toca meu telefone:

- Alô (atendo com voz sonolenta).
- E aí maluco! Isso é hora de dormir? Porra... você não é mais o mesmo... seu frango!

Era uma voz tagarelando em meio ao barulho do que parecia ser uma fanfarra de sete de setembro.

- Quem é que tá falando?
- Ah... qual que é? Vai dizer que não sabe quem é?

Desliguei a merda do telefone. Era o que faltava... quatro da manhã fazer brincadeirinha.
Menos de um minuto o telefone toca novamente:

- Alô... caralho... quem incomoda essa hora porra? - meu tom de voz não era amigável.
- Ei ei... calma cara! É o Jack.
- Porra cara... qual que é. Já era pra você ter respondido meu e-mail faz duas semana pra mais.
- Eu sei cara... mas é que não podia falar. Agora eu posso... cara estou envolvido até o pescoço numa parada aí. Demorei pra ler seu e-mail, mas o importante é que li. Achei interessante. Inclusive as últimas notícias não são muito animadoras né...
- Olha só seu filha da puta do caralho, vou desligar essa merda aqui. Amanhã me liga e conversamos... não quero nem saber o que você tem pra me dizer, só quero dormir mais quatro horas. Tchau!
- Cara... eu estou na cidade... só quero que saiba disso. Amanhã eu te encontro seu merda.

Isso é típico do Jack. Fazer essas surpresinhas. Ele acha que pelo fato de chegar por aqui sem avisar iria tirar meu sono. Enganou-se. Acendi uma vela do tamanho de um cone e fumei até desmaiar.

...

Jack é um cara experiente em negócios inescrupulosos. Trabalhamos juntos algumas vezes, quase sempre na elaboração de grandes dossiês ligados a políticas, ou melhor, a políticos. Tivemos épocas muito legais, fazíamos nossas buscas, encontrávamos políticos traficantes, pedófilos, estelionatários... as piores raças.

Mas meu amigo um dia viu uma propaganda da Tim (viver sem fronteiras) na televisão. Então na época diziam os patrões da telefonia que era impossível clonar a tecnologia GSM. Lembro de ter visto a cara do meu amigo ao ver a propaganda. “Esses caras estão de brincadeira né? Impossível é o caralho... deixa comigo irmão... deixa comigo”.

Então Jack resolveu decifrar a tecnologia GSM da Tim. O safado não só conseguiu como passou a invadir todo e qualquer sistema, decifrar códigos e clonar celular. Tinha ‘diretinho’ espalhado pra tudo quanto é lugar. Eu mesmo usei celular durante muito tempo sem gastar um real.

Logicamente que isso teria que parar uma hora. Foi então que Jack, por confiar demais em nosso ex-amigo Gordo, ficou em sua Lan House trabalhando nas picaretagens diárias.

Num dia, ele estava dentro do sistema da Tim fazia horas, o lugar, na nossa cabeça era o mais seguro. Mas Gordo fez jogo duplo. Enquanto Jack trabalhava, o filha da puta acionou a Polícia Federal. Depois soubemos que nosso ‘camarada’ havia filmado os passos do Jack dentro da sua lojinha de informática.

O fato é que Jack caiu feio. O Gordo mais x9 da história fez meu amigo ser preso em flagrante. Não teve jeito de escapar. Jack foi preso. Caiu no artigo 171. Na época não tinha legislação específica pra crime virtual, então Jack ficou como estelionatário (eu acho que é isso).

...

No dia da prisão, não estava com Jack. Então soube de tudo pelos jornais. “Puta merda... Jack está fodido”, foi o que pensei quando vi as notícias.

O visitei algumas vezes e conseguimos estipular uma meta: acabar com Gordo. Ficou fácil pra mim. Um alvo largo e lento. “O Gordo sumiu!” – disse certa vez a mãe do desgraçado. Aí eu disse pra ela: “sinceramente... eu não sei onde ele está (eu mesmo tinha o mandado pro inferno), mas do mesmo jeito que a senhora está chorando, ele fez outra mãe chorar”. Virei às costas e saí.

...

Após seis meses guardado, Jack voltou pras ruas. Modificado. Desconfiava até da sombra. Nós demos um tempo. Eu caí na estrada e ele também. Conversamos durante todo esse período virtualmente e agora estávamos pra nos reorganizar.

Acordei oito da manhã. Sabia que daqui a pouco meu telefone tocaria. Esquentei a água, passei o café e o coloquei na térmica. Quando estava pra encher minha xícara, toca o telefone:

- Ei... mora no mesmo lugar?
- Sim.

Logo tocou o interfone. Então depois de anos Jack subia novamente as escadas em direção ao meu apartamento. Depois de tanto tempo, com a vingança no coração e o sangue no olho. Vamos montar mais alguma estratégia, isso pode ter certeza.

...

Jack abre a porta sem bater, eu já sabia, por isso deixei sem trancar.

- E aí seu filha da puta? (disse Jack).
- E aí seu merda!

Então, como se o tempo não tivesse passado, escutamos a voz do anarquismo. Abri meu computador e fui dizendo o que pensava atualmente dos nossos projetos. Ele respondia e mostrava os dele.

...

- Bom Jack... vamos direto ao assunto. Estamos aqui depois de tanto tempo. No telefone você disse algumas coisas, também disse que leu meu e-mail. E então, o que temos?
- É o seguinte. Primeiro vamos conversar sobre a questão do Assange. O Pentágono vai foder com a vida desse cara. O site dele é extremamente importante pro mundo, mas causou ira aos ianques. Ele conseguiu receber ordem de prisão na Suécia. Lugar onde conseguiria asilo jornalístico. Agora é acusado de estuprar duas mulheres. Uma história sem explicações. Mas o fato é que a Interpol já foi acionada, vai atrás dele. Tem um mandato internacional contra Assange. Mesmo se ele tentar se defender, dizer que é vitima de difamação e toda essa porra... contra o Pentágono vai ser foda.
- Pois é... mas não podemos deixar a poeira baixar Jack.
- Aí que tá. Sabemos dos serviços prestados do Wikileaks. Porra... eles soltaram não sei quantos mil documentos sigilosos das guerras dos Estados Unidos contra Iraque e Afeganistão. Imagina a puta raiva que o Pentágono deve ter desse cara!
- E agora soltaram mais coisas. O Wikileaks começou a relatar acusações de corrupção contra governos estrangeiros. Os documentos oficiais que vazaram possuem sete vezes mais informações que os documentos anteriores. São suspeitas de corrupção. Já causaram constrangimentos... olha só a palavra... constrangimentos sérios a governos e políticos. Inclusive em entrevista pelo skype, Assange disse que se for comprovada espionagem de diplomatas americanos em relação a outros países, seria coerente que a Hillary Clinton renunciasse.
- Como assim entrevista pelo skype?
- É que ninguém sabe onde o cara está. Aí um jornal americano fez essa entrevista pelo skype.
- Pois é... vai ser difícil ela renunciar. Mas é um fato, aliás, são muitos fatos. As pessoas deveriam devorar esses documentos. Tem coisa inclusive sobre o Brasil que são muito importantes pra entendermos as questões geopolíticas atuais.
- Sim... tem diplomata americano que considerada a política anti terror brasileira, também anti americana!
- É verdade. Também aquele presidente do Irã quando questionado sobre questão de enriquecimento de urânio, respondeu: “não faço nada diferente que o Brasil!”.
- Outra questão é que tem muito espião por aqui. Pelo menos foi o que deu a entender. Ainda mais quando soltaram documentos que dizem existir terroristas que bancam células do Hezbollah pra comprar imóveis em São Paulo, começar comércio. Aí uma parte do lucro é destinada ao grupo terrorista. Dizem que tem células terroristas na tríplice fronteira também. Lá na região de Foz do Iguaçu.
- É... eu sei. Está tudo no site!
- OK. Tudo isso é importante... mas agora quero explicar o verdadeiro motivo que estou na sua área. Você vai ter uma bela surpresinha.

...

Então Jack veio com um papo mais tecnologicamente avançado, vamos assim dizer.

...

- Cara... o que vou te falar é a revolução mundial. Não tem como sair do esquema que entrei. É um negócio muito mais brutal que qualquer coisa que você jamais imaginou. Não precisamos sumir com ninguém, sujar nossas mãos de sangue, perder sono por causa de pesadelos. Entendeu?
- Continue... essa parte de não precisar sujar as mãos muito me interessa (quem fazia os trabalhos sujos do negócio era eu, nunca fui adepto da parte tecnológica em demasiada profundidade).
- Você é um cara que deve ter pesadelo né irmão!
- Nem me fale Jack... nem me fale! Mas então... continue.
- Cara... parece coisa de cinema, mas não é. Olha só. Lembra a Skynet?
- Não!
- Porra! (ficou um pouco em silêncio olhando pra minha cara) Ok! Tudo bem, se você começar a falar de arma, luta, diferentes maneiras de se quebrar um pescoço... eu também vou ficar com cara de otário.
- Pois é... prossiga.
- Seguinte. Skynet era uma inteligência artificial que tinha no filme Exterminador do Futuro. Lembra que eles enviaram um robô com habilidades militares pra matar aquele moleque pentelho que seria no futuro o responsável pela revolta contra as máquinas? (concordei com a cabeça) Então é o seguinte: está todo mundo cabreiro com a evolução da inteligência artificial. E os nossos fornecedores de ‘ferramentas’, os norte-americanos, criaram uma rede capaz de realizar análise de dados e percepção sensorial, isso com processamento visual, acústico e classificação de objetos ou atividade... tá ligado?
- Vixi... certeza!
- (Jack dá uma risada e continua) Você sabe que o fim... pelo menos eu acredito, será quando as máquinas se voltarem contra os homens. E agora com essa invenção militar, um novo campo se abriu pra nós, revolucionários!
- Aonde que chegar?
- Só quero dizer que um amigo meu trabalha na DARPA (Defense Advanced Research Projects) – tipo: Agência de Pesquisa e Projetos Avançados de Defesa. Então roubamos todo projeto faz uns dois anos. Mas não vamos fazer como Assange, publicar. Já nos organizamos junto com um engenheiro que está conosco e prestou ótimos serviços tecnológicos.
- Certo... legal mesmo.
- Cara... ele montou um robô pra nós!
- Como é que é?
- Sim cara... agora temos um robô.
- Está de brincadeira Jack!
- Não estou! E o que é melhor. Nosso projeto está quase finalizado!
- Quase!
- Sim... vai vendo. Esse nosso ‘soldado ultramoderno’ tem um processador de informação mais eficaz que o do ser humano. Ele será usado pelas forças armadas dos EUA. Eles pensam em uma rede neural pra dar aos robôs um poder de aprendizado. Mas nós já temos uma rede neural que dará ao nosso robô tudo que ele precisa saber.
- Sério... como?
- Iremos construir uma rede neural pra que esse robô tenha um conhecimento prático e teórico do que é nossa causa. Ele deverá ser um de nós.
- Entendi... mas como faremos isso?
- Eu sei implantar isso num robô. Mas aí que entra você meu camarada. Passará esse seu sangue no olho, toda sua revolta e todas as suas ideias bizarras pro nosso camaradinha de lata. Entendeu?
- Caralho... isso é uma pegadinha?
- Não meu velho. Hoje eu te digo... temos uma rede neural que precisa ser treinada. Será um humano melhorado. Daremos ao nosso robô um comportamento com a nossa cara. Até porque temos que aproveitar, pois logo chegarão os verdadeiros no mercado. Somos piratas cibernéticos!
- Cara... isso tudo é muita loucura pra minha cabeça.
- Eu sei... mas então... arruma suas coisas que vamos viajar.

...

Viajamos quatro dias. Fomos em direção a Amazônia. Um lugar em que as árvores eram tão próximas que parecia não passar um braço humano entre elas. Você olhava pra dentro daquele mato e só via escuridão. Um lugar estranho, totalmente desconhecido.

Não dormimos. Tínhamos tanto speed que se parássemos na polícia, seríamos capazes de deixar o carro e seguir viagem a pé, conversando.

...

Chegamos num sítio. Tinha um barracão nos fundos. Uma casinha. Então Jack me mostrou as acomodações: “amanhã chega o resto do grupo”.

Então eu fui pra uma rede e Jack pra outra. Estávamos quebrados depois de tanto tempo acordados.

...

O resto do pessoal que Jack se referia eram mais duas pessoas. Chegaram com um caminhão. Entraram no barracão com ele. Eram apenas peões do exército que meu amigo criara com o passar dos anos. Bom... o fato é que aquele barracão que parecia cair aos pedaços, internamente lembrava um laboratório da NASA.

Jack já foi logo mexendo nos botões, ascendendo às luzes. As coisas ficaram muito psicodélicas no lugar.

- Bem! (Jack começou a falar – enquanto os dois caras saiam do barracão) Hoje nós faremos o parto do nosso novo amigo.

Saímos pela porta dos fundos. Os dois caras haviam dado a volta. Nos encontramos no fundo do barracão. Eles carregavam uma garrafa 2 litros com um líquido marrom. Quando vi lembrei-me dos velhos tempos em que tomávamos chá de cogumelo pra elaborar nossos planos.

- Jack! Isso é o que estou pensando?
- Claro... jamais deixei de apreciar nosso chá milagroso. Isso vai ser muito bom pro robô!
- Claro que vai... ele terá três olhos ao invés de dois!
- Você acha que o Pentágono pensaria nisso?
- Jamais!

...

Tomamos o chá. No rádio do caminhão, ouvíamos por exigência minha, Butthole Surfers. “Vamos deixar esse robô o mais insano possível” – pensei já sentindo o efeito lisérgico em meu corpo.

Após mais ou menos uma hora, chega Jack pra mim:

- Coloca esse capacete.

Jack me passou um capacete estranho, cheio de fios e entrada pra cabos que estavam conectados a um trambolho cheio de botões e luzinhas.

- O que é isso?
- Cara... você não vai precisar ensinar o robô a lutar. Não vai emprestar seus livros pra ele. Vou tirar tudo da sua mente e passar pra parte neural do nosso brinquedinho.
- Legal. Quer dizer então que você vai passar tudo que eu penso pra ele?
- Sim.
- Você quer dizer que ele vai receber tudo que eu penso com um detalhe!
- Qual?
- Que estou cogumelado!
- É... tipo... acho que ele não vai ficar cogumelado.
- Você acha?
- Bom... eu também estou cogumelado cara!
- Vai cara... faz o serviço aí... vamos ver o que acontece.

...

Estava sem noção de tempo. Não sei depois de quanto tempo Jack tirou aquele negócio da minha cabeça. Só sei que ainda estava doidão.

- Bom... agora é esperar. Vamos beber, amanhã vemos o que esse brinquedinho é capaz de fazer.

...

Com 1,80 de altura, pele de humano, cara de humano, nosso robô já estava enturmado.
Olhamos e lá estava nosso robô, Jack o ligou e com seu notebook começou a ter respostas neurais da máquina.

- Ótimo, está quase tudo pronto. Agora vamos testá-lo e depois voltar pra civilização.

...

Jack acionou o início de uma nova fase revolucionária no mundo. Um robô... vamos assim dizer... chapado de cogumelo!

- Que porra esse demônio está fazendo Jack?
- Cara... ele está decifrando os código genéticos daquela planta lá! Não está vendo?
- Será? Parece que está querendo trepar com um arbusto!
- Porra cara... você já trepou com um arbusto na sua vida?
- Eu não porra.

Os outros dois caras que ajudavam no negócio e também a tomar o chá, rolavam no chão de dar risada!

- Ei... o robô está vindo pra cá Jack!
- Deixa... temos que nos acostumar com ele.

Então a máquina veio e apertou minha mão, depois a do Jack e depois a dos outros caras. Sentou na rede e viu que tinha maconha num compartimento ao lado, em cima de uma cadeira. O robô enrolou um baseado em tempo recorde.

- Puta que pariu! Nunca vi isso na vida!
- O cara é o mestre! – respondeu Jack.

Aí entregou na minha mão. Eu acendi logicamente. Logo que fiz isso ouvi uma voz estranha, olhei pro robô e ele começou a cantar um Bob Marley! Porra... e a voz estava igual!

Jack olhou com orgulho e disse:

- Ele faz tudo perfeito. Se vai cantar um Bob, vai cantar igualzinho.
- Nossa... que invenção cara! Criamos um junkie cibernético.

Enquanto ele cantava “Redemption Song” nós olhávamos as árvores e o céu. Ao nosso lado uma máquina chapadona.

- Acho que nosso amigo será o maior pacifista da história – eu disse.
- Acho que nós seremos e ele nos ajudará meu camarada. Você não terá mais pesadelos, não terá que sujar suas mãos de sangue. Ficaremos por traz de tudo, como os lobistas que financiam campanhas. A diferença é que vamos financiar a paz, com nosso amigo cyborg.
- Como será o nome desse cara!

Olhei pro robô. Ele não parava de cantar!

- Ei Jack... dá um pause nessa música, está enjoando.
- Não dá cara! Você acha que tem um media player nele? Pede pra ele parar ué!
- Ei! Viu amigão... poderia parar de cantar? Cantou três vezes esse música já, não aguento mais!

O robô me obedeceu.

- Funcionou! Eu o programei pra nos atender. Somente nossa voz. E tem outra. Olhe aqui!
- Nossa cara... nós enxergamos tudo que ele enxerga?
- Exatamente! Isso quer dizer que ele pode ir aonde quiser que nós vemos tudo!
- Isso é muito bom!

...

Aí Jack levantou e começou com seu discurso:

"Então finalmente temos voz, temos olhos espalhados por aí. Finalmente! Vamos levar nosso brinquedo pra civilização. Temos um caçador de corruptos. Um decifrador de pedófilos".

"Agora prestem atenção todos vocês (olhava pra milhares de árvores). Sim... vocês mesmos... você aí... seu filho da puta. Você mesmo! Que fura fila, que gosta de tirar vantagem dos outros. Você aí que não tem consciência. É melhor ficar atento, pois jamais saberá nosso método".

"No entanto, se não se ligar, fará parte do nosso cemitério ideal".

"Quer?".

O robô aplaudiu e assoviou. Todos olhamos pra ele. O demônio fazia uma cara de alegre em demasiado.

- Cara... ele está doidão de cogumelo!
- Esse é meu herói - disse Jack e deu um abraço no cyborg.

...

Voltamos à civilização, com Arnoldo (nome unânime) no volante. Ele não dorme e seu novo nome veio acompanhado de uma cara semelhante ao do exterminar do futuro. Apenas mais magro, com olhos esbugalhados, pulmões, fígados e rins de ferro.

Vai fazer sucesso!