Duas
coisas:
1ª:
quando fiquei sabendo que as meninas da L7 estavam de volta aos palcos, logo
lembrei... “tenho que pelo menos falar de algumas bandas femininas da década de
90!”.
2ª: quando
lembrei de Joan Jett e das The Runaways para falar de música e mulheres no rock,
recebi a informação através da grande mídia que Jackie
Fox, ex-Runaways, disse que foi estuprada por empresário da banda. “Certeza,
tenho que falar das mulheres no rock, mas sobre algo mais raivoso”.
Por
isso, antes de qualquer coisa, digo que essa coluna tem em seus hiperlinks algumas
dicas musicais para as mulheres conhecerem guerreiras que se armaram de
guitarra, baixo e bateria; além dos mic´s no volume máximo; e mostraram para os
“roqueirões malvadões” como é que se faz...
...
Eu
ainda não fiquei de joelhos em frente a Mia. Não levantei e fui embora do “Cave
Hill Cemetery”, em Louisville, EUA; depois de deixar uma lembrança em seu
túmulo; eu, sinceramente, não fiz isso... mas gostaria.
Mia
Zapata caminhava na madrugada do dia 07 de julho de 1993 pela cidade de
Seattle. Nesta data ela foi estuprada e morta. Dizem que Mia ouvia música em
seu walkman, devido a isso não percebeu o assassino se aproximar.
Em
2003 o assassino finalmente foi preso e condenado: 36 anos de prisão.
Por
que falo de Mia? Ela foi a voz da banda The
Gits. Não consigo imaginar como seria se Mia Zapata ainda estivesse na
ativa com sua banda, cantando na cena musical de Seattle ou pelo mundo.
Não
basta apenas reverenciar The Gits, assim como as meninas da 7 Year Bitch, banda que
lançou seu segundo álbum (1994) chamado “Viva Zapata”, em homenagem,
logicamente a Mia. As mulheres do punk rock nesse período eram além de unidas e
engajadas; destemidas...
As
meninas do 7 Year Bitch, por exemplo, estavam diretamente envolvidas com uma
organização pacifista chamada Home Alive. Fizeram shows beneficentes para a organização
Rock Against Domestic Violence ao lado das meninas da Babes in Toyland.
A
atitude continuou.
Quando
as meninas do L7
chegaram metendo os dois pés na porta, a música não era o teto, elas tinham o
que falar; e não foi a toa que suas integrantes criaram a organização Rock for
Choice, que produzia eventos beneficentes a favor do aborto.
Mas
foi no começo dos anos 90, quando a Allison Wolfe, do Bratmobile,
criou um zine chamado Riot
Grrrl, que muita coisa mudou. Ali, não havia apenas oposição ao machismo impregnado
na sociedade. Havia duras e verdadeiras críticas aos “roqueirões” de plantão;
os mesmos que diziam: “garotas não sabem tocar guitarra”, ou bobagens do
gênero.
Então
elas disseram: “se os homens podem, eu também posso!”.
As
riot grrrls tiveram popularidade principalmente com a banda Bikini Kill e sua
vocalista Kathleen Hanna. Nos shows da banda, elas chamavam as mulheres para
frente do palco e entregavam as letras das suas músicas e exemplares dos zines.
Priorizavam, da maneira mais transparente e sincera possível, as mulheres.
Também
no Brasil há diversos nomes, o principal exemplo é a banda de hardcore
feminista Dominatrix
que está na ativa desde 1995, com shows e debates sobre feminismo, direito das
minorias e grupos marginalizados.
Viva
Mia Zapata! Viva o rock contra o machismo.
*Texto originalmente publicado no site Terra Sem Males.
*Texto originalmente publicado no site Terra Sem Males.