sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

A gaiola dos loucos: ele entra no bus e só quer ouvir um fuzz




Marcos Iarga Master é o messias do barulho. De milênios em milênios ele perambula pelo mundo. Sua função é testemunhar a história musical interplanetária.

O messias do barulho já foi grilo cantador, já foi sapo cantador e hoje mora em Curitiba.

Neste momento está no Terminal do Portão e vai pegar o biarticulado sentido Terminal do Cabral.

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Ele entra na bus e só quer ouvir um fuzz.

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“Mudhoney!” – Marcos dá play no seu som e abre um pequeno sorriso. Entra no ônibus pela última porta, vê um lugar vago e senta-se. O ônibus não está lotado. Apenas os lugares do fundão estão todos ocupados e o biarticulado vai pela via captar pessoas.

“Curitiba parece estar vazia hoje”, pensa Marcos.

No ônibus, há mais bancos desocupados nas proximidades das portas 1 e 2.  

Após alguns minutos, parada no tubo Dom Pedro I (no bairro Água Verde – Av. República Argentina).  Ao abrir das portas, entra um senhor que aparenta ter uns 70 anos.

De pela branca, cabelos brancos, camisa xadrez de manga curta, calça social branca e sapatos brancos, o senhor vai pela porta 2 em direção a parte dos fundos. Marcos aumenta o som do seu fone: “Mudhoney!”.

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Mudhoney é uma banda que surgiu em Seattle no fim dos anos 80. Ajudaram a criar o chamado grunge.  Primeiro com a banda Green River, do qual alguns integrantes fizeram parte (início dos anos 80). Depois com o Mudhoney, que está na ativa e prepara mais um disco de estúdio.

E é graças ao barulho que Marcos Iarga Master vaga por todos os cantos do mundo. Poderia estar em Seattle e acompanhar como andam as bandas por lá, porém já conheceu a galera do grunge no final dos 80 e começo dos 90. Mark Arm e Cia, também Kurt, Krist e Dave...

Hoje Master está em Curitiba. Ele não sabe muito bem o motivo de viver na capital paranaense, de perambular sem rumo por aqui. Talvez busque alguma nova banda barulhenta, já que seu radar raramente falha.

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Marcos tira seu iphone do bolso e pausa a música. Na sua frente está parado aquele velho que caminhava em direção ao fundão. O messias agora tira os fones e espera para ouvir o que o senhor tem pra falar.

Porém o velho apenas faz um sinal, mexe seus óculos de grau com armação preta e novamente gesticula (indicando o banco do ônibus).

Master percebe que o velho quer sentar onde ele está. Por isso levanta e cede o lugar. O messias olha pra frente do bus e vê vários bancos vazios. Prefere não falar nada.  

O velho está abraçado num monte de papéis, isso chama atenção de Marcos. Ao invés de sair de perto e buscar um banco vazio, olha rapidamente os papéis que aquele senhor segura. “Andrei Sakharov?” – consegue ler rapidamente o que está nos braços do senhor e fica intrigado.  

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Marcos Iarga Master passou diversas vezes pela Rússia. Conheceu o físico Andrei Sakharov quando esse estava preso na Sibéria.

Sakharov recebeu Nobel da Paz em 75 na incansável luta pelos direitos humanos na extinta União Soviética. Mesmo sendo um dos mentores da primeira bomba de hidrogênio da história, Andrei ficou mais conhecido como cientista humanista.  

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O messias olha fixamente pro velho sentado. O ônibus sai do tubo Dom Pedro I e segue seu rumo. “Que não é o Sakharov eu sei que não é” – pensou Marcos.

- O que tá olhando porra? – disse o velho pra Marcos.
- Como é que é? – respondeu o messias atordoado, pois não esperava uma pergunta tão direta.
- Você tá olhando o que? Fica aí parado me olhando. Tá me achando bonito?
- Não! Que é isso senhor...
- Tá me achando feio?
- Não... não... olha só... não foi isso que eu quis dizer...
- É... você até agora não disse porra nenhuma. Só fica aí olhando. Que porra cara, não pode olhar pra outra pessoa?
- Desculpe senhor, mas é que na verdade tem algo me intrigando!
- É mesmo? O que? Meu pau?
- Que é isso! Você só pode estar de brincadeira comigo né.
- Eu? Você fica me olhando e eu que estou de brincadeira?
- Andrei Sakharov?
- Sim... sou eu mesmo. Por quê?
- Hã?
- O que foi... alguma coisa errada com meu nome agora?

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Marcos não sabe se chora ou desmascara o velho. “Isso parece uma grande brincadeira”.  

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- “Uma sociedade livre é uma sociedade conflituosa!”, não é Andrei?
- O que?
- Isso que eu acabei de falar não foi você quem disse?
- Não disse porra nenhuma, aliás, vou te dizer uma coisa, você tá tirando onda da minha cara? Filha da puta...
- Não... mas o que é isso. Filha da puta não ein...
- Vai chorar agora bebezão.
- Olha só... eu achava que Andrei Sakharov tinha dito aquela frase.
- Olha aqui... eu não disse isso pra ninguém... e se tivesse dito, não seria pra você...
- Certo, e a Yelena, como está?
- Quem?
- Yelena Bonner, sua esposa!
- Olha aqui cara... desconheço essa pessoa.  
- Você não é Andrei Sakharov. Este nome é de um físico russo. Eu o conheci quando ele estava preso na Sibéria.
- Pelo menos tenho alguma coisa parecida com esse russo aí...
- É mesmo, o que?
- Já fomos presos... – e sorriu.
- Olha... não sei... está estranho isso... não bate! A sua idade! Quem te arrumou esse apelido?
-Apelido?
- É.
- Seu moleque... esse é meu nome porra...
- Pare com isso... vai me dizer que você é um dos inventores da bomba de hidrogênio?
- Bem que eu queria ter inventado uma bomba...  

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A cada parada entram pessoas, saem outras e a conversa dos dois continua. “Esse velho louco e desbocado não consegue falar algo sem soltar um palavrão! Como esse cara tem o nome do Andrei!” – se indaga o messias do barulho.

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Sakharov era odiado pelo regime da União Soviética e perseguido pela KGB. As autoridades chegaram a dizer: “nós não vamos deixá-lo morrer, mas vamos deixá-lo inválido”. Porém o cientista sobreviveu à pressão. Mais tarde voltou a Moscou e tornou-se político.  

Um dos primeiros big brothers da história pode ser assistido quando Andrei estava preso. Havia câmeras por todos os lados no pequeno apartamento em que vivia na Sibéria.

Tentou escrever, por três vezes, um livro. Quando Mikhail Gorbachev assumiu o país, a KGB (extinta no início da Perestróica – fim da década de 80) entregou um dossiê sobre Andrei. Dizem que todos esses documentos foram queimados. O estranho é que Andrei não havia entregado seus escritos pra ninguém. Então a questão é como o governo conseguiu os manuscritos que estavam no dossiê?

Quando Sakharov voltou à Moscou, ele acreditava que Gorbachev tinha intenção de fazer reformas políticas no país e libertar presos políticos (enjaulados por exporem suas opiniões). Passados alguns anos, Andrei e Gorbachev romperam. O físico perdeu força política, pois os conservadores fizeram de tudo para calá-lo, e morreu no fim da década de oitenta.

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A conversa segue:

- Então eu não estou falando com a pessoa que questionou todo um sistema?
- Aff...
- “A raiz quadrada da verdade é o amor”, foi você quem disse isso?
- Foi... claro que foi... disse isso pra tua mãe.
- Você não honra teu nome... senhor Andrei Sakharov.
- Mas é claro não!

Os dois se olharam... o velho sentado no banco do ônibus abraçado aos seus papéis e Marcos em pé, pálido como a eternidade.

- Se você é o velho Andrei, vou te fazer uma pergunta.
- Você é meio inconveniente brother... – disse o senhor de setenta anos.
- Se você fosse político. Vamos dizer assim, um senador. E alguém dissesse pra você o seguinte: “você está no nível mais alto do poder!”. Qual seria sua resposta?
- Ah... corta essa... porra... “vai se foder”... essa seria minha resposta...  
- Você não é Sakharov!
- Tá bom cara... eu não sou... cara chato da porra...
- A resposta é essa: “não estou no nível mais alto, estou ao lado, mas do lado de fora”.
- Aff... e daí cara... o que eu tenho com isso?
- Você disse que era o Sakharov e eu sei que você não é...
- É claro que eu sou porra... vai tomar no seu cu...

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Então Marcos pensa um pouco e vê que deve pegar mais leve com o velho, pois não é tão ruim assim assumir outra identidade. Até porque, se ele disser que é um messias, ninguém vai acreditar.   

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- Tudo bem então... Andrei. Desculpe minha intromissão.

O velho só olhou. Então Marcos continuou:

- Muitas vezes eu sou chato mesmo... e você tem o mesmo nome do grande Andrei Sakharov, defensor humanitário.
- Mas eu sou!
- Ok... você é...
- Eu sou um defensor humanitário. Se você acha que eu não sou... leia meus escritos – e apontou para os papéis que segurava.
- Mas tem muita coisa aí!
- É... tem um pouco de tudo... é uma porra de uma filosofada da boa...  
- Tipo o que?
- Ah... sobre os dias de hoje... mas não tem nada da Rússia.

Então Marcos pensa em algumas coisas...  

- Entendi... e o que você achou, por exemplo, da informação de que o Arafat foi morto por sionistas a mando de Sharon?
- Ah... porra... isso todo mundo já sabia... só foi confirmado esses dias...
- Também acho – diz o messias, surpreso com a resposta do velho.
- E o que o senhor achou do confisco do jornal venezuelano anarquista El Libertario pelo governo de Cuba?
- Eu achei uma merda. A parada é o seguinte... se os caras não gostam,  aí fodeu... ninguém pode gostar? Por quê?   
- Você acha que foi errado o confisco?
- Claro que eu acho porra... eu até gosto do Chavez e do Castro... da China... mas porra... quem decide o que é interesse geral do país é a ideia geral do país... sabe como é?
- Não – abaixou a cabeça Marcos.
- Se cada um exigir de verdade o que realmente quer do político, as coisas mudam. É por isso que eles boicotam os anarquistas... todos os lados boicotam os anarquistas.  E tem mais... que falta faz milhares de anarquistas... Esse safado desse Renan Calheiros que voltou a presidir a merda do Senado? O que você acha disso? Se eu morasse no mesmo lugar que ele mora... mais credo... eu e mais uns velhos amigos não deixaríamos ele nem sair de casa. Aliás... teria que andar mais ligado na rua... com mais segurança... ele e a família dele.... a tia dele... o cachorro dele... sacou a pira moleque? – deu um sorriso maquiavélico – Nesse lance aí de poder... não tem anjinho meu irmão... as bandeiras são símbolos publicitários! Uma merda...

“Impressionante” – pensou Marcos. 

...

Marcos e Andrei conversavam energicamente. O ônibus parou na Estação Central. Mais um revezamento de passageiros.

- É cara... olha só ein... que porra é essa!  – disse em alto tom o velho, enquanto o bus seguia.
- Pois é...
- Que parada é essa meu irmão? – repediu alto no bus.
- Que parada o que? Que parada o que? – responde com sotaque forçado um travesti que de costas parecia uma garota. Todo o fundão olhava seu rabo... agora todos estão em silêncio.  

Quando o travesti entrou no ônibus, naquela movimentação de pessoas, ninguém olhou pra cara dele. Enquanto estava de costas, o velho até deu umas piscadas pra Marcos, como se dissesse: “olha o rabo dessa gostosa”.

O engraçado é que quando o travesti se virou, de forma inesperada, e falou – com uma voz bem masculina – a galera ficou chocada. Depois olharam pro rosto e ficaram em silêncio.

- Puta que pariu, você tá querendo me matar do coração? – solta na roda o velho, seguido de algumas risadas.
- O que foi velhinho... o que você quer? – disse o travesti.
- Se você ficasse mais uns cinco minutos de costas pra mim... ah... você ia ver só!
- Ui... que velhinho safadinho gente! – a galera do fundão solta um “uuuuuuu”.
- Ainda bem que essa coisa feia da porra fala! Se não falasse eu ia gastar um viagra inteiro no cu errado! – “hahahahahaha” – o fundou foi ao delírio, até o travesti deu risada, ficou em posição de modelo, balançou o cabelo e soltou um beijinho pro coroa.
- Cala essa boca seu velho tarado! – se intromete na conversa um rapaz que está do outro lado do corredor. Ele observa a conversa do velho com o Marcos desde o Terminal do Portão. Agora está trêmulo e nervoso!
- Nossa... que menininho gentil! – o travesti dá uma piscadinha e um sorriso pro furão de conversa. Ele, todo engomadinho, ficou furioso.
- Isso é pra você também seu traveco filha da puta. Calem a boca... não aguento mais escutar esse velho porco falando heresias! Meus deus do céu... eu não aguento mais... meu Jesus amado! Meu messias! Quando virás... quando? Quando?
- Ei... ei... meu jovem? Por favor, meu jovem? – diz Marcos, enquanto o fundão está estarrecido.
- O que foi? – responde ríspido o rapaz.
- Que tipo de messias exatamente você se refere?
- É óbvio que é Jesus porra! – dessa vez o velho se intromete.
- E que messias você achou que seria? – o garoto pergunta pra Marcos.
- Poderia ser qualquer um. O messias da música por exemplo. Qualquer um... – diz Marcos em tom de tristeza. É um sonho do messias do barulho realmente atuar como um “messias”! Fazer algo pelo barulho... e não apenas ser uma testemunha da música em todo o universo.   
- Aí bunduda... ou bundudo... ei... vai vendo... se Jesus te visse com essa bunda arrebitada... acho que ele ia comer você todinha – diz o velho. Dessa vez só alguns riram... inclusive Marcos.
- Aiiii seu safadinho... eu adoro homens cabeludos e barbudos tipo ele... mas Jesus está mais para messias da música né tiozão gostosão – aponta pro velho.
- Não entendi? – diz o rapaz, se intrometendo.  
- Ele é messias da música porque só toca punheta – diz o velho. Novamente poucos riram.   
- Seu velho filha da puta – diz o engomadinho indo pra cima de Andrei.  

O travesti interrompe e diz:  

- Ei ei ei... fique paradinho bem aí. Respeite meu amiguinho aqui. Por mais que você não goste do que tá na roda, tem que respeitar as pessoas... tá bom docinho? – manda um beijinho pro jovem.
- E tem mais... Jesus também era um messias da música, se você quer saber – diz Marcos.
- Claro! Cabeludo, barbudo, chinelo, com um vestidão? Só pode ser hippie, fumá maconha e tocá violão – antes do rapaz ir pra cima do velho, Marcos completou.
- Olha... você quase acertou... foi por pouco! Na verdade ele fumava ópio e tocava uma espécie de bongô... mas esqueci o nome do instrumento da época. Já sobre punheta... bom isso eu também não sei.

O fundão ficou em silêncio. “Que diabos esses caras estão falando?”. “Puta que pariu, que viagem”. “Acho que eu vou lá pra frente!”. “Em nome do pai do filho do espírito santo... amém”. “Tão tudo doido”.

- Acho esse engomadinho um gostosinho – faz-se silêncio – Uiii gente... pensei alto! – disse o travesti.
- Acho que vocês formam um belo casal – completou o velho.

O rapaz perde o controle de vez. Será que ele vai tentar agredir Andrei Sakharov? Ele se prepara pra pular em cima do velho. Nossa! Que porrada foi essa!

...

Quando o engomadinho preparava sua tentativa de agredir Andrei, veio do fundão um passageiro grandão. Ele estava sentado na última fileira dos bancos. As vezes ria junto com a galera. Mas durante o trajeto ria quando ninguém estava rindo.

...

Que porrada! Foi de cinema. O moleque caiu de cara no chão do ônibus. O silêncio se fez presente mais uma vez. O biarticulado saiu do tubo do Passeio Público com o rapaz já sentado e o travesti ajudando ele a se levantar; claramente com segundas intenções.

- Tem que tomá no cu mesmo! Filha da puta! – disse o velho.

O ônibus para na estação Santa Clara. Todos em silêncio olham o travesti sair com o rapaz.

- Vem gatinho... vamos colocar um gelinho nesse olho... vou cuidar de você... – balança o cabelo e dá uma pegadinha na bunda do moleque.

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- Porra grandão! Que pancada! Onde aprendeu a bater assim? Já lutou boxe?  – mais uma intromissão pálida de Marcos.
- Não sei... – dá risada.  “Ele parece um bobão... um ‘lambão’ como já ouvi por aí” – pensa o messias.  

Esse passageiro é grande, todo descabelado (um cabelo liso e sujo). Enquanto ele sorri pro Marcos, todos percebem que há uma janela na boca dele, está sem os dois dentes da frente.

- Sabe – diz o estranho passageiro – faz tempo que não dou tanta risada – e deu mais uma risada – foi bom dar essa porrada – e olhou pra sua mão. Depois olhou pro velho e continuou – Eu era muito depressivo. Até deixei minha barba crescer! – “Como se isso tivesse alguma ligação com depressão” (pensou Marcos) – Já tentei me matar várias vezes, todas sem sucesso – e olhou pro chão.
- Sério? – questionou Marcos.
- Sim... mas já superei essa fase. O problema é que esses dias eu fazia minha barba em frente ao meu espelho, no meu banheiro, da minha casa, com a minha tesoura...
- Certo... – Marcos ouvia atento.
- Quando mamãe achou que eu tentava me matar mais uma vez. Aí ela pulou em cima de mim! Aí eu caí de boca no chão! Aí agora eu tô com dois dentinhos quebrados... olha aqui... – e mostrou os dentes.
- Sua mãe deve ser gorda pra caralho né não? – pergunta o velho. Mas o outro passageiro está mostrando os dentes quebrados pra todo o fundão e não escuta a pergunta.
- Mas viu meu camarada? Ei? Vem aqui... me diz uma coisa... – o chama Marcos.
- O que?
- Quando foi isso?
- Faz uns dez dias – e mostra sete com os dedos.
- Entendi... mas já está na hora de dar um trato nessa janela meu amigo! – diz Marcos e vai em direção a porta do ônibus.
- Sim... (deu risada) o dentista vai arrumar pra mim (deu risada). Ainda mais agora que estou trabalhando na KGB – e deu muita risada olhando pro velho (que desesperado olha pra Marcos como se pedisse ajuda). O velho vê que Marcos está de saída e se abraça aos seus papéis. “Eu tô na merda...” – reflete o velho.

“O passageiro da KGB agora vai cuidar de Andrei Sakharov em plena Curitiba. Que tragédia!”, pensa Marcos, que sai do bus, adentra no Terminal do Cabral, coloca seu fone de ouvido e dá play no som.

Ele sai do bus e só quer ouvir um fuzz. “Mudhoney!”.