quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Tarantolicismo



Deitado olho pra lua. Ela ilumina meu quarto. Presto atenção na claridade que faz. Chegam a surgir algumas sombras perto das roupas penduradas na minha arara. A luz faz um reflexo no guarda roupa. Olho pra frente, só presto atenção na luminosidade causada por ela.

De repente percebo que ‘minha’ luz está sendo interrompida! Como se alguém com os dedos passasse-os numa lâmpada e causasse uma interferência na luminosidade expelida. São sombras propositais que somos capazes de fazer. E isso estava acontecendo com a lua!

“Tem alguém na lua!” – pensei comigo. Espero um pouco e o que eram sombras momentâneas se torna constante. “Que porra é essa!” e olho pra janela de vidro. Ela estava toda aberta, mas como havia deitado, minha cabeça estava na direção de uma das vidraças.  
“Puta que pariu. Olha o tamanho dessa porra de aranha!”. Fico com medo. Grande e peluda! Mas após umas duas piscadas, percebo que não é tão grande assim. Na verdade é uma aranha com as pernas fininhas e sem pelo. Porém algo parece me dizer que ela é grande e peluda. Fico vendo aquilo e me lembro de uma matéria que passou no Fantástico em que uma jornalista teve seu fim muito trágico após conhecer o tarantolicismo.

Olhava pra aranha na janela e ela estava peluda. Uma tarântula. “O que está havendo? É a porra de uma aranha perna longa... não... ela é uma tarântula tarada igual aquela que fodeu com a jornalista!”.

...

Recordo a história:

Dizem que uma grande repórter foi fazer uma matéria numa comunidade misteriosa, no interior do estado do Paraná. “Como era o nome da cidade mesmo?”, penso, faço força, mas o nome não vem... enfim... pode ser em qualquer cidade, pois rituais estranhos ocorrem em todo lugar.

Eles endeusavam a tarântula. Ela era o símbolo de reprodução. E na época do acasalamento dos adeptos desse processo cultural, os membros mais velhos pegavam a aranha, seguravam as prezas e as pernas, depois passavam a bunda dela na vagina da mulher. Diziam que depois disso era gravidez sem erro.

Após fazer essa reportagem a jornalista se identificou com muitas mulheres desse culto, pois também tinha dificuldade em engravidar. Então a repórter curiosa perguntou (isso após a publicação da matéria), se poderia ‘um dia desses’ experimentar o ‘mel’ da tarântula reprodutora.

Como a mulher era independente e queria ser mãe solteira, ninguém percebeu o ingresso dela neste ritual. Ela viajou até a cidade, num final de semana que estava no período reprodutivo. Chegou aos mestres aractólicos e confessou seu desejo. “Tem que ser agora!” – dizia ela.  

O mentor da mandinga pegou sua tarântula mais tarada e passou na vagina da mulher. Ela estava visivelmente excitada. “Mais... mais... passa de novo!” – disse ela aos homens. Eles se olharam e sorriram... então passaram novamente. Ela estava completamente excitada e pedia mais... e mais... até que disse “enfia a bunda dela... enfia a bunda dela na minha boceta”; e o cara introduziu o ‘rabo’ da tarântula na vagina da jornalista.

Testemunhas disseram que ela teve um orgasmo prolongado! Depois levantou, pagou a consulta e foi embora.

...

A partir daí a vida da jornalista mudou. Passou a ser uma ninfomaníaca que não conseguia controlar seus impulsos. Via um homem e ia pros finalmente. O problema é que após um tempo, ela percebeu que sua vagina mudara, anatomicamente falando. Parecia que tinha outro canal e que ele estava ali pra expelir algo! Mas ela não entendia muito bem aquela anormalidade. 

Certa vez, numa transa intensa, seu parceiro a chupava já fazia uns minutos e ela adorava gozar sendo chupada. Mas dessa vez sua sensibilidade estava mais a flor da pele. Veio uma súbita contração no estômago e como se fosse soltar um jato de bosta; então aconteceu! Ela soltou um jato de teia na cara do homem que a chupava.

A força foi tamanha que o cara foi levado pra trás, sua cabeça pendeu pra baixo e suas pernas subiram na direção contrária. Ela olhou aquilo, a teia sufocou o rapaz e o matou.  

Dias depois, superado o trauma, ela foi se masturbar e na hora de gozar expeliu um jato de teia. E assim começou seu drama. Ela soltava teia pela boceta... “seria isto a maldição daquela tarântula tarada” – pensava desesperada. Entrou em depressão. Tentou mais algumas transas, mas assustava seus parceiros... uns diziam que ela soltava porra e que só podia ser uma transexual retardada.

Foi em especialistas e nada de diagnósticos, procurou os antigos mestres do ritual, mas soube que eles fizeram fortuna com suas tarântulas taradas e sumiram do mapa.

Então numa noite, quando seu quarto estava iluminado pela lua, a jornalista pegou seu 38 e deu um tiro na cabeça...

...

Então escuto um barulho de vidraça quebrada. Olho pra frente e minha janela está estraçalhada. Vou até a janela e me vejo lá no chão. “Caralho... eu me matei! Mas por causa de uma aranha? Que merda é essa?”. Também não vejo mais a aranha e as nuvens já cobrem a lua.

...

Leio meu laudo no hospital:

“Jovem é picado por uma aranha, sofre alucinações e cai da janela do décimo andar do edifício onde morava”.

Leio também um laudo que está ao lado do meu:

“Mulher grávida se suicida com tiro de 38 na cabeça!”.

Fico confuso... então penso: “o cara que fez esses laudos devia estar muito chapado”.