terça-feira, 9 de junho de 2015

Esperança engarrafada

A língua queima a toda hora
Não há mais em quem confiar
A esperança não passa de demora
O que é pra agora precisa esperar

A confusão invade a memória
De quem sempre optou por lutar
Alguns acreditam em uma cor
E repudiam a outra a contrastar   

Dizem que o atual se difere de outrora
Além de tudo isso se esquecem da história
Dão as costas também aos becos emergentes
Como se em outro lugar não vivesse gente



Uma força nada honesta mantém essa estrutura
E resistir ao óbvio é a opção de ruptura
Sabe aquele caminho por onde a água caminhava
Cresceu capim e a esperança foi engarrafada

Há necessidade de um território marcar
Faz da minoria um obstáculo ao por vir
É um cabresto que te impede de se libertar
Aí fica em marcha sem saber pra onde ir 

E com estilo sabe dizer o que é melhor
Já ao oposto prefere ignorar
Cria um abismo impossível de dar laços
Escolhe o ódio por não saber amar

Isto que digo também não é novo
E aquilo é só mais um encosto
No escuro não se acha o próprio umbigo
No contraditório enxerga o alvo inimigo

Onde há certeza pra quê parar pra ouvir?
O diálogo torna-se obstáculo a destruir
Sabe aquele caminho por onde a água caminhava
Cresceu capim e a esperança foi engarrafada