sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Eleições curitibanas: ataque relâmpago à máquina eleitoral




“Eu votei no Fruet” – disse o primeiro taxista (T1).

“Eu votei no Ratinho Jr.” – disse o segundo taxista (T2).

Taxista em posições diferentes, porém com o espírito de mudança. “Na boca de urna que fiz nas corridas, ninguém falava que votaria no Ducci, essas pesquisas que soltaram... tudo mentira”, disse o T1.

“Meu voto e da nossa categoria ele (Ducci) não levou nenhum!” – falou o T2; e acrescentou que votou no Ratinho Jr. pra renovar.

Essas conversas aconteceram no dia 7 de outubro, data do primeiro turno das eleições municipais. A mesma data do show da banda de Nova Iorque, Agnostic Front (o motivo das corridas).

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T1 me disse: “nessas eleições tinha dois políticos de verdade, um era o Greca e o outro o Fruet. Quem era Ducci antes do Richa?”, dizia ele empolgado após o resultado das urnas.

“Você acha que se eu fosse dono desse táxi, estaria trabalhando até agora?”, me questionou T2.  Aí eu o questionei também: “você acha que o proprietário do seu táxi votou em quem?” – “no Ducci, certeza” – “como você sabe?” – “porque pra ele tá bom, só não tá bom pra nós!” – explicou o trabalhador.

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T1 na ida e T2 na volta.  

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Um domingo diferente nessas eleições. Não só pelos taxistas ou pelo resultado surpreendente. Mas principalmente pelo show do Agnostic Front no Music Hall.

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Eleição: qual a ligação do show de hardcore e uma eleição?

Antes um parênteses: pela primeira vez usei minha digital pra alguma coisa, além das históricas carimbadas com graxa pra minha carteira de identidade; usei-as pra votar.

Uma sensação de mudança? Modernidade? Sei lá... agora temos urna biométrica.

Após este momento tecnológico, voltamos ao ponto de interrogação.

O fato de um grupo político fazer alguns aniversários no poder da capital paranaense gerou um festival de “clamor” por mudanças. Diferentes legendas e vertentes políticas. A tradicional bipolarização conservadora curitibana entra em ação pra tentar derrubar novos “intrusos” na capital.

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Vamos às pesquisas!

Eleitorais ou eleitoreiras? Não sei exatamente qual o “tamanho da libertinagem” dos institutos de pesquisa, mas a boca de urna do T1 foi mais precisa que a pesquisa do IBOPE.

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Duas situações no primeiro turno: Agnostic Front e eleições.

Aí já me vem à cabeça o Stigma (guitarrista do Agnostic) fazendo campanha pra presidente dos EUA. Um verdadeiro deboche ao conservadorismo ianque.

Mas não é isso que liga o hardcore de NY às eleições pra prefeito de Curitiba.

Ligações!

Primeiro:

AF não é só uma banda, é a personificação das ruas de Nova Iorque. E em meio ao fogo cruzado das guitarras, baixo e bateria, muita valorização dos amigos, da família, da “instituição” musical – como é definido o HCNY, da luta eterna por mudança e melhorias sociais; tudo no vocal característico de Roger Miret.

Valorizar a cidade! Um discurso igual entre políticos e roqueiros!  

Enfim uma voz diferente em Curitiba! Isso não é mérito dos políticos. É mérito de quem enxerga fora do eixo do próprio umbigo. Porém, a fórmula curitibana foi invertida. Justamente porque os que antes eram minoria se transformaram em uma grandiosa voz de mudança.

“For my family for my friends” abriu o show do Agnostic Front, então pensei: “das famílias esquecidas alguns quilômetros do centro curitibano é que vieram essas vozes, essa expressão de repúdio a elite que defende sempre mais do mesmo”.

Segundo: No fim do show do Agnostic Front, eles tocaram o cover “Blitzkrieg Bop”, do Ramones (as mães do punk, também de Nova Iorque). Nada mais sensato em fazer o link entre este ataque relâmpago (Blitzkrieg) ao súbito acesso de Fruet ao segundo turno (dia 28). Assim como a figura de Ratinho Jr. que tenta representar uma política nova e diferente. Ambos amparados por um exército de eleitores carentes.

Falaram que Lerner havia vencido uma eleição nos últimos 12 dias, talvez o ataque mais eficaz da capital paranaense tenha acontecido em 2012 – Fruet e Ratinho nos últimos três dias “derrubaram a máquina”.

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Agora voltamos às pesquisas!

Elas continuam lançadas ao vento.

Que venha o segundo turno.

E eu continuo a conversar com taxistas.