segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Novas perspectivas debaixo dos seus pés

Em seus pés rodas que o leva a velocidade. Ele simplesmente observa a ladeira. Na sua cabeça um filme: a vida, os obstáculos, as experiências que se passaram e as marcas que tudo isso deixou. Sua consciência aponta para o destino: “desce essa ladeira, não deixe essa oportunidade passar, é tudo que você gosta: velocidade e adrenalina... não desperdice essa oportunidade... vai!”.

O sangue em suas veias ferve. Seu coração pulsa e bombeia coragem. Vai em direção ao infinito. Desce a ladeira íngreme e cheia de buracos. Sua concentração é tanta que não tem tempo pra olhar o que está a sua volta, em meio a escuridão ele faz com que saiam faíscas de seus pés.

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A velocidade é algo que o atrai. Muita adrenalina numa descida mortal. A queda não assusta quem já caiu. A escuridão não assusta quem já esteve nela. A jaula não prende pensamentos. Como canta Clemente: “você me prende vivo e eu escapo morto!”. Não há traidores entre os piores.

Uma experiência óptica para ele é mais profunda que simplesmente colocar lentes numa armação e achar que as coisas estão melhores. Quando se está numa sala sem portas e janelas, você enxerga de óculos escuros até no escuro. Se você está num ninho de cobras, apenas duas lentes não adiantam, é preciso muito mais... é preciso conhecer novas perspectivas.

É uma guerra interna. Para qualquer ser normal, se há claridade excessiva – óculos escuros – proteção aos raios UV. Tudo isso é preciso num mundo em que somos bombardeados por milhares de raios por todos os lados. É preciso estar preparado pra não se tornar um alvo.

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Ele não teme viver. Quanto mais veloz, melhor. Agora ele vai numa velocidade desenfreada, numa descida que só ele pode suportar. Só pensa em manter trajetos alternativos, percorrer todos os lugares e cortar ao meio seus obstáculos.

Quando surge a sua frente um grande buraco negro, numa descida assustadora e mortal, ele simplesmente prepara-se com seu corpo e sua mente. É observado por todos que gostariam de ter sua coragem, os espelhos do moralismo que insistem em estereotipá-lo como símbolo de uma geração perdida, mas são eles os que não conseguem dormir.

Como um deboche, ainda acha tempo pra olhar para o lado, sorrir pro moralismo, olhar o buraco negro e não se intimidar. Ele coloca seus óculos escuros e entra na noite infinita. Enxerga mais que luz e escuridão. Tem no sangue novas perspectivas e consegue triunfar sobre as sombras.