sexta-feira, 1 de abril de 2011

Capítulo II – Plumas aos fascistas

Desde que se instalou definitivamente no Brasil, Mikail Kokovski passou a ser fortemente influenciado pela cultura nacional. Vindo de um país frio e muito diferente do nosso, o velho cientista mudou com o tempo.

Após ganhar dinheiro com o mercado ilegal de produtos falsamente naturais, Kokovski passou a desfrutar dos bens que adquiriu. Escondeu seu monstro nos subterrâneos da sua antiga plantação que hoje é um prédio com seu nome.

Sem dúvida o que fez Kokovski mudar foram suas viagens pelo Brasil, conhecer diferentes ambientes, inclusive desfavoráveis, e ver coisas que toda sua fortuna não paga! Principalmente nossas diversidades culturais.

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Kokovski sempre foi fã de Lula, mas ao ver Dilma Rousseff assumir o comando do Brasil, se emocionou. Era uma nova fase de um país que ele aprendeu a admirar.

Apaixonado por Dilma, Mikail Kokovski ampliou fotos da nossa presidenta, leu biografias e percebeu o quanto a postura anti ditadura e contestatória da atual chefe do Brasil o influencia. Chorou ao ver relatos dela sobre sobrevivência e luta contra os militares, lembrou do extermínio de todos os Kokovski´s na extinta União Soviética.

Sem dúvida estava integrado ao espírito brasileiro. Até havia deixado a vodka de lado pra aderir a nossa mais pura cachaça. Passou a ter uma aversão aos fascistas, coisa que antes era admiração, pois um de seus ídolos foi Stalin.

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Kokovski se habitou a tomar cachaça e fumar imensos baseados diariamente. Achava isso uma sensação de liberdade. Poder sentar numa praça, abrir um bom livro do Tolstoi, acender sua erva e tomar uma caipirinha. Esse era o domingo de um coroa russo em pleno outono brasileiro.

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Então entra segunda feira e no fim dela ele liga a televisão. Isso não é comum, mas já havia fumado e bebido demais, então colocou no programa PQP e se deparou com o passado! Cuspiu um pedaço de lingüiça que havia enfiado na boca e teve um surto fodido ao ver um deputado federal, um tal Jacir Bolsonabo, com umas declarações polêmicas e fascistas.

O cientista, que é conhecedor do tipo sanguíneo dessa espécie se irritou com declarações opositoras a atual presidenta do Brasil. Além de ouvir de uma boca brasileira que gostaria que voltássemos ao período militar.

Jacir chamou Dilma de ladra e sequestradora, disse que um filho seu não namoraria uma mulher negra, que pessoas da sua família não frequentam ambientes promíscuos pra isso.

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Sem controlar suas funções, Kokovski viu um filme de seus ancestrais mortos, lembrou e se solidarizou com todas as vozes caladas pelos ditadores americanos, europeus, asiáticos, árabes... quando ouviu que o político era a favor da tortura, vomitou no tapete.

Lembrou Stalin e Hitler. Pensou nos fatos, na injustiça. Lembrou dos defeitos de nosso país. Ele ama nossa terra com seus defeitos e sabe que impunidade é um deles. Seu sangue ferveu, seu instinto conspiratório e sua perspicácia do período em que serviu um dos governos mais sanguinários da história aflorou. “Isso não vai ficar assim meus amigos brasileiros, Kokovski vai agir”.

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De tanta distância que Mikail Kokovski criou do fascismo, somente uma pessoa poderia reaproximar essas raízes sombrias... o Monstro.

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O coroa russo foi até seu prédio. Onde antes era um sítio com produtos orgânicos, agora é uma região urbanizada. Nos subterrâneos da propriedade entrou nos túneis obscuros, percorreu os caminhos que só ele conhece. Numa espécie de calabouço se deparou com o Monstro.

Sua criação estava a dormir por anos. Então o mestre cientista sentou numa cadeira e colocou suas piores músicas stalinistas. Depois encontrou seus componentes científicos armazenados em tanques blindados, com vácuo, pois em contato com o ar as substâncias pegam fogo.

Nesses tanques é possível armazenar nitrogênio líquido e outros gases, além de células e compostos químicos inflamáveis. Também outras substâncias que fizeram desse homem um dos mais procurados cientistas de guerra por anos (ainda deve ser procurado... vai saber... CIA, INTERPOL).

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O velho prepara sua mais nova poção. Injeta em seu monstro e aguarda o resultado.

Após cerca de uma hora, Kokovski vê o Monstro ter a primeira reação. Ele abriu os olhos, depois mexeu a boca, passou a língua nos lábios e tentou falar alguma coisa. “Calma” – disse o cientista.

O monstro olhou pra seu mestre e ficou em posição militar. A poção de Kokovski fez efeito.

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Durante o decorrer das 24 horas o cientista preparou o roteiro e deu todas as dicas necessárias pra que a ação fosse bem sucedida.

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O Monstro de Kokovski desembarca em Brasília, cabelos bem cortados, postura séria, roupa militar. Kokovski fez de seu Monstro um verdadeiro ariano, com olhos sombrios e frios, sem expressão na cara e pronto pra cumprir as ordens superiores.

Percorre as ruas da capital federal e finalmente chega a Câmara. Assiste passivamente ao espetáculo dos espetáculos. Procura seu alvo e lá está: Jacir Bolsonabo – o libertário da televisão (segundo informações passadas por Kokovski este é o defensor mais ferrenho da liberdade, logo; precisa de uma lição).

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Após o término do espetáculo, o Monstro de Kokovski segue Jacir Bolsonabo até seu gabinete. Com uma postura imponente fez o deputado admirar sua fala e seu estilo. O Monstro conquistou imediatamente a confiança do político. Fascista se identifica com fascista.

O Monstro havia sido orientado a punir um libertário, o que realmente ele acreditava ser o parlamentar – nota do autor: “muito esperto esse Kokovski!” – (rs).

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A intenção era fazer o político se deslocar pra um lugar neutro, então o Monstro observou que havia xícaras de café na sala de Bolsonabo. Propôs-se a servir o deputado, que obviamente, não recusou. Neste momento despejou laxante na xícara do político e ambos degustaram o sempre bem vindo cafezinho.

Minutos depois o deputado pede licença e vai ao banheiro.

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Jacir Bolsonabo acabava de limpar o rabo quando o Monstro de Kokovski entra. O deputado abre a porta pra sair do trono e se depara com o Monstro. Ele bota a mão no pescoço do safado e pega seu pau com tanta força que o político tenta gritar.

Bem nesse momento o Monstro lança um pedaço de pano com o desenho da suástica na garganta do deputado. Jacir Bolsonabo fecha os olhos de tanta dor. O Monstro de Kokovski vira seu oponente, arranca a sinta da calça e amarra as mãos do político no pé da privada, com a cabeça dentro do porcelanato.

Abaixa as calças do deputado fascista e tira o pau do tamanho de um cassetete nazista, enfia no rabo do político, bomba durante uns minutos. O político vê suas lágrimas pingar no fundo da água suja da privada.

O Monstro tira o pau do cu do fascista, puxa sua cabeça pra cima e goza na testa do safado. Depois cola a suástica na cara dele e diz ao pé do ouvido em forma de sussurro: “Viva Médici! Viva Geisel. Viva a tortura! Viva a ditadura militar!”.

Desatou as mãos do deputado e recuperou sua postura. O Monstro de Kokovski cumpriu mais uma tarefa.

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Jacir Bolsonabo ficou no banheiro em estado de choque. Com uma suástica nazista colada com esperma na sua cara, com o rabo arrombado por um ariano, com o sussurro daquele Monstro na sua alma.

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Deputado! O que você pensa sobre tortura agora?

Um comentário:

  1. Você é uma máquina de criatividade. Prosa limpa, gostosa, deveras palatável. Vamos já e já vê-la em letras de forma, nas livrarias. Tanha um ótimo final de semana. Um abraço, psrabéns, caro jornalista, Gomes da Silveira.

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