“Eu votei no Fruet” – disse o primeiro taxista (T1).
“Eu votei no Ratinho Jr.” – disse o segundo taxista
(T2).
Taxista em posições diferentes, porém com o espírito de
mudança. “Na boca de urna que fiz nas corridas, ninguém falava que votaria no
Ducci, essas pesquisas que soltaram... tudo mentira”, disse o T1.
“Meu voto e da nossa categoria ele (Ducci) não levou
nenhum!” – falou o T2; e acrescentou que votou no Ratinho Jr. pra renovar.
Essas conversas aconteceram no dia 7 de outubro, data
do primeiro turno das eleições municipais. A mesma data do show da banda de
Nova Iorque, Agnostic Front (o motivo das corridas).
...
T1 me disse: “nessas eleições tinha dois políticos de
verdade, um era o Greca e o outro o Fruet. Quem era Ducci antes do Richa?”,
dizia ele empolgado após o resultado das urnas.
“Você acha que se eu fosse dono desse táxi, estaria
trabalhando até agora?”, me questionou T2.
Aí eu o questionei também: “você acha que o proprietário do seu táxi
votou em quem?” – “no Ducci, certeza” – “como você sabe?” – “porque pra ele tá
bom, só não tá bom pra nós!” – explicou o trabalhador.
...
T1 na ida e T2 na volta.
...
Um domingo diferente nessas eleições. Não só pelos
taxistas ou pelo resultado surpreendente. Mas principalmente pelo show do
Agnostic Front no Music Hall.
...
Eleição: qual a ligação do show de hardcore e uma
eleição?
Antes um parênteses: pela primeira vez usei minha
digital pra alguma coisa, além das históricas carimbadas com graxa pra minha carteira
de identidade; usei-as pra votar.
Uma sensação de mudança? Modernidade? Sei lá... agora
temos urna biométrica.
Após este momento tecnológico, voltamos ao ponto de
interrogação.
O fato de um grupo político fazer alguns aniversários
no poder da capital paranaense gerou um festival de “clamor” por mudanças.
Diferentes legendas e vertentes políticas. A tradicional bipolarização conservadora
curitibana entra em ação pra tentar derrubar novos “intrusos” na capital.
...
Vamos às pesquisas!
Eleitorais ou eleitoreiras? Não sei exatamente qual o “tamanho
da libertinagem” dos institutos de pesquisa, mas a boca de urna do T1 foi mais
precisa que a pesquisa do IBOPE.
...
Duas situações no primeiro turno: Agnostic Front e
eleições.
Aí já me vem à cabeça o Stigma (guitarrista do
Agnostic) fazendo campanha pra presidente dos EUA. Um verdadeiro deboche ao
conservadorismo ianque.
Mas não é isso que liga o hardcore de NY às eleições pra
prefeito de Curitiba.
Ligações!
Primeiro:
AF não é só uma banda, é a personificação das ruas de
Nova Iorque. E em meio ao fogo cruzado das guitarras, baixo e bateria, muita valorização
dos amigos, da família, da “instituição” musical – como é definido o HCNY, da
luta eterna por mudança e melhorias sociais; tudo no vocal característico de Roger
Miret.
Valorizar a cidade! Um discurso igual entre políticos e
roqueiros!
Enfim uma voz diferente em Curitiba! Isso não é mérito
dos políticos. É mérito de quem enxerga fora do eixo do próprio umbigo. Porém,
a fórmula curitibana foi invertida. Justamente porque os que antes eram minoria
se transformaram em uma grandiosa voz de mudança.
“For my family for my friends” abriu o show do Agnostic
Front, então pensei: “das famílias esquecidas alguns quilômetros do centro
curitibano é que vieram essas vozes, essa expressão de repúdio a elite que
defende sempre mais do mesmo”.
Segundo: No fim do show do Agnostic Front, eles tocaram
o cover “Blitzkrieg Bop”, do Ramones (as mães do punk, também de Nova Iorque).
Nada mais sensato em fazer o link entre este ataque relâmpago (Blitzkrieg) ao súbito
acesso de Fruet ao segundo turno (dia 28). Assim como a figura de Ratinho Jr.
que tenta representar uma política nova e diferente. Ambos amparados por um
exército de eleitores carentes.
Falaram que Lerner havia vencido uma eleição nos
últimos 12 dias, talvez o ataque mais eficaz da capital paranaense tenha acontecido
em 2012 – Fruet e Ratinho nos últimos três dias “derrubaram a máquina”.
...
Agora voltamos às pesquisas!
Elas continuam lançadas ao vento.
Que venha o segundo turno.
E eu continuo a conversar com taxistas.
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