sábado, 3 de janeiro de 2015

O caminho do caos



Dizem que de pingos em pingos as coisas acontecem
Você anda como quem não quer nada
Mas sabe pra onde vai
Uma lentidão que possibilita observar e fazer escolhas
Desviar obstáculos
Enfrentá-los até a morte
E as vezes seguir em frente
Há momentos em que é a velocidade que ultrapassa seu objetivo
Não importa onde ou com quem
Se é o momento exato, algo acontece  
E algo sempre acontece
Então, sem perceber, recebe um tiro certeiro
Que são como dúvidas
O faz não ter mais certeza se o melhor é estar devagar
Também não sabe se é a velocidade  
Só percebe que é a dúvida que o move
E faz disso tudo uma certeza
A certeza da incerteza
E o que exatamente é tudo isso?
Uma ‘autocompetição’?
Provar que o certo é o certo e o errado é o oposto do certo?
Só isso?
Essa merda não responde absolutamente nada
E dessa bosta toda se faz uma continuidade
Por vezes ela percorre trilhos
Em alguns momentos descarrilha  
De proposito!  
Por que?
Não há resposta
Indução?
Busca pelo inalcançável?
Sei lá!
Ainda assim
Na dúvida
Siga em frente
Num determinado momento se espantará consigo
Duvidará de si mesmo
Precisa autoafirmação?
Sei lá!
E entende que isso só serve para alimentar a própria dúvida
E mais e mais e mais
Nada satisfaz
Acaba por não saber mais o que buscar
Para por alguns instantes!
Sente a solidão
Recluso conhece o medo
E imóvel tem outra certeza
Que parar é caminhar pra trás
E quando o tempo passa como um vento
Tem outra certeza
Que o medo te aprisiona  
Porém...
De um ponto distante em que se encontra recluso
Observa
Lá no horizonte
O caminho que antes percorrera
E volta a seguir suas próprias marcas
Os sinais deixados
E vê que é possível
Resgatar o destino perdido
Voltar ao caminho
Enxergar as pegadas que deixou
Percebe que a velocidade não serviu para nada
Que o tiro que levou também foi o tiro que deu
Ambos ferem
E nada pode ser refeito
Porém sua cabeça o faz crer que um novo caminho será desenhado
E que as dúvidas o movem
E as certezas são descobertas  constantes
Que constantemente são quebradas
Pelas próprias incertezas
E só as dúvidas persistem
Não há como caminhar sem elas
É um peso
Tem preço
Como se a busca pela certeza fosse uma recompensa
E novamente se move
Parte
Vai
Sai em direção a sua jornada
Agora não quer mais desviar dos pingos
Quer absorver a fonte de vida
Para que quando passar pelas estradas
Calçadas
Asfaltos
Terras
Azulejos
Tijolos
Paralelepípedos
Algo surja
Mesmo não tendo certeza se é isso mesmo que irá acontecer
Deseja olhar seus velhos passos
E acreditar que a partir deles
Algo irá surgir
Ou surgiu
De fato...
O que resta são vários caminhos
Cada pedaço de chão é uma incógnita
E esse caos pode ser traçado
Por você
Por mim
Pela puta que o pariu  
Por alguma semente que já brotou
Ou que vai brotar
Em algum lugar algo nasce
Em outro, algo morre
Em algum lugar algo é descrito
Em outro, não é interpretado  
São inúmeras linhas
Inúmeros tiros
Inúmeros alvos 
E infinitas dúvidas
Sendo que a certeza
É não parar!
Agora a velocidade é indefinida
Rumo ao caos

*Foto: Matheus Cappellato 

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