segunda-feira, 15 de setembro de 2008

O apicultor

Vargas era um apicultor cultuado em Foz do Iguaçu. Via forte estímulo na cultura das abelhas: como elas agem, o mel, o ataque das operárias, a morte da rainha, as ações do zangão. Um perito nesse assunto.

Devido a sua especialidade, montou e tornou-se chefe do Núcleo de Apicultores de Foz do Iguaçu. Uma associação que até hoje recebe auxílio de universidades da região, também das entidades profissionalizantes.

As ações de Vargas no que diz respeito à produção de mel do Núcleo começaram a ganhar destaque na região. No começo eram três apicultores que objetivavam se manter com o negócio. Porém surgiram adeptos e a partir daí o grupo passou a ser referência no Paraná e logo depois no Brasil.

A qualidade na produção era inegável, o melhor mel na mesa dos brasileiros. Vargas sempre exercia liderança no grupo. Isso logo chamou a atenção da filha de um produtor que recém chegara a Foz. Numa pequena reunião ministrada pelo líder, a garota se apaixonou por Vagas.

Os dois se conheceram rapidamente, pois Vargas com freqüência reunia os membros do Núcleo em seu sítio. Era onde tudo acontecia. Os três membros iniciais do grupo moravam num lugar retirado, tinham suas plantações, seus cultivos: mandioca, milho, etc... ou seja, além da apicultura, também tinham leite... um nicho agricológico.

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Quando a garota conheceu Vargas, logo demonstrou seu interesse. Era mais nova que o líder apicultor, ele com seus quase quarenta e ela com vinte e três, recém formada em turismo... esse foi o motivo dela estar em Foz do Iguaçu. Seus pais eram aposentados e a garota, Regiane, havia conseguido um estágio num hotel na cidade.

Numa noite Vargas foi ao hotel em que Regiane trabalhava. Ela saia meia noite. Eles já haviam ficado umas vezes, rolou uma pegada entre os dois. Naquela noite Vargas a levou prum motel, a lambeu todinha com seu néctar derivado de sua produção. Regiane, mais doce do que nunca, gozou e gozou como jamais havia imaginado.

A melhor noite de sexo pra ambos resultou num namoro fogoso, feroz, voraz. Vargas levou Regiane pra seu sítio e conviveu com ela. Porém o Núcleo dos Apicultores de Foz do Iguaçu, famoso nacionalmente, ganhava destaque internacional. O movimento tornou o lugar um ponto turístico e Regiane viu ali um bom negócio.

Sua presença freqüente no lugar despertou algo que Vargas nunca havia sentido: o ciúme. Ele sempre fora solteiro e desta vez experimentara algo novo. Seus dois amigos fundadores, já casados, perceberam a mudança, porém entenderam que o ciúme fazia parte da paixão fogosa daquele casal.


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A intensidade das noites de amor dos dois era percebida. Diversas vezes brigavam escandalosamente pra depois treparem como dois selvagens, fazendo questão do barulho, quebradeira e tudo mais. O clima pesado da situação deixava os outros dois casais do sítio constrangidos.

Não tinha hora. Numa manhã Regiane estava tomando seu café sentada na varanda de casa e Vargas chegou com o leite recém tirado. Ela viu aquele homem carregando os baldes e o seguiu até onde ele costumava deixá-los. Começaram a transar ali mesmo. Regiane ergueu sua saia e chamou o apicultor.

Mas não esperavam que um dos amigos de Vargas chegasse. Porém o líder do Núcleo estava de costas pra entrada do depósito e só Regiane viu. Ela não fez questão de parar, pelo contrário, aumentou seu tesão ser observada pelo amigo do seu namorado.

Depois daquela dia Regiane mandava Vargas aumentar seu tempo no trabalho do Núcleo, enquanto isso fazia favores pros outros membros. Ela descobriu que o prazer da traição era ainda mais voraz do que as trepadas com seu namorado.

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Com a fama internacional do Núcleo, Vargas ganhou uma viagem pra África do Sul, um intercâmbio pra conhecer apicultores do outro lado do atlântico, além das abelhas africanas logicamente. Era o reconhecimento do profissional.

Por outro lado, Regiane organizava uma festa num dos dias em que seu namorado estaria viajando. O intercâmbio de oito dias era o suficiente pra ela fazer uma orgia com seus amigos e amigas. Só deixaria de fora, desta vez, os casais que moravam no sítio.

A festa foi no sétimo dia da viagem de Vargas. Muita bebida, sexo e drogas. Já o apicultor estava a conhecer uma nova cultura. Já havia visto muito sobre as abelhas africanas, então o levaram pra uma reunião cultural religiosa africana.

Logo que o ritual iniciou, Vargas despertou a atenção de um guru tribal que estava presente. Ele foi até o brasileiro e falou algo, o tradutor explicou o que o homem havia dito. O apicultor ficou um tempo refletindo e saiu.

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No sítio, estava tudo normal, porém a viagem mexeu com o casal. Ele estava ainda mais ciumento e ela ainda mais safada. Como Regiane agia descaradamente, ele começou a perceber algumas atitudes da namorada. Num dia desses Regiane tomou uma surra que foi levada pro hospital.

Os amigos de Vargas diziam que ela não prestava, mas a maioria havia fodido com ela, então se sentiam sem moral pra dizer algo. A situação estava tensa. O apicultor, no auge do seu ciúme, pegou sua namorada e a amarrou nua na cama do quarto, passou uma fita em sua boca. A deixou assim durante toda manhã.

Foi trabalhar e retornou com espécies de abelhas africanas que mantinha. Com sua roupa de apicultor, entrou no quarto e soltou as abelhas operárias, as mais nervosas. Logo atacaram o corpo de Regiane.

O apicultor sentou numa cadeira em frente à cama, com sua roupa branca grande, parecia da NASA. Ficou olhando. De boca tapada olhava-o com desespero, clemência, mas ela não conseguia gritar. As marcas das picadas logo começaram a aparecer.

Ele não tinha reação, estava sem sentimento, igual uma abelha. E ficou vendo a situação durante duas horas, sentado com sua roupa de apicultor, cercado por abelhas africanas.

Regiane morreu (a abelha rainha sempre morre cedo). Então Vargas foi até o armazém do leite, tirou sua roupa e com uma corda amarrou uma ponta no teto, envolta da madeira que sustenta o telhado do depósito, subiu num galão de leite e se enforcou (o zangão também sempre morre).

Antes da morte lembrou-se de quando não havia se tornado um zangão. Na simplicidade inicial do seu Núcleo. Na época todos eram abelhas operárias, trabalhavam em benefício coletivo. Uma simplicidade que se perdeu... assim como ele se perdeu... assim como Regiane se encontrou.

No quarto ele escreveu com mel no corpo de Regiane os dizeres do guru africano:

O homem quer ser burguês / como abelha quer mel / e não quer ver / que o subterrâneo é o céu...

Um comentário:

  1. Hummm...
    Está partindo para os contos eróticos agora!!
    hahahahaha

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